COPA DO MUNDO 2014

Projeto para neutralização de carbono da Arena é destaque em seminário internacional sobre economia verde

Quarta-feira, 23 de maio de 2012 | Publicado às 19h28

A A

O impacto ambiental, social e econômico da comercialização de créditos de carbono usados para neutralização de gases poluentes emitidos na construção da Arena Pantanal foi o destaque na abertura do I Seminário Internacional sobre Economia Verde, realizada na manhã desta quarta-feira (23.05), em Cuiabá (MT).

O secretário extraordinário da Copa do Mundo, Maurício Guimarães, expôs os resultados obtidos no projeto Copa Verde, uma parceria entre o Governo do Estado, por meio da Secopa, Instituto Ação Verde e o Ministério Público Estadual para o plantio de 1,4 milhão de árvores em propriedades rurais ribeirinhas com passivos ambientais. A meta é atingir esse índice até 2014, ano em que a Arena Pantanal sediará o maior evento esportivo do planeta.

Mas o projeto já vem mudando a realidade dos moradores da comunidade Barranco Alto, em Santo Antônio de Leverger, município situado a 35 km da capital mato-grossense. Lançado em junho do ano passado, o Copa Verde gerou uma nova fonte de renda para os ribeirinhos e também contribuiu para conscientizá-los sobre a importância de preservar a natureza, especialmente o rio Cuiabá, que é a principal fonte de sustento dessa comunidade de pescadores.

Na tarde dessa terça-feira (22.05), a comunidade conferiu de perto o final do primeiro ciclo de trabalhos do projeto, que é o resultado da venda de créditos de carbono das árvores já plantadas. Em vez de receber os recursos em dinheiro, os moradores preferiram receber equipamentos que vão beneficiar toda a comunidade: dois poços artesianos e duas caixas d água vão atender cerca de 300 famílias da região.

O primeiro pagamento por serviços ambientais prestados é da ordem de R$ 115 mil, dos quais cerca R$ 70 mil foram usados para implementação do sistema de abastecimento de água da comunidade. Os dois poços existentes não atendiam mais à demanda crescente na naquela região, que recebe grande número de turistas amantes de uma boa pescaria.

Dos R$ 115 mil pagos, 60% é resultado da comercialização de créditos de carbono usados para neutralização de gases poluentes emitidos na construção da Arena Pantanal e outros 40% são oriundos de outros parceiros do projeto Verde Rio, no qual o Copa Verde está inserido.

Hoje a gente vê os benefícios do reflorestamento para comunidade, que está crescendo muito e enfrenta problemas de abastecimento de água. Com dois novos poços e reservatórios, nossa situação aqui vai melhorar, explicou Maurindo Ferreira de Azevedo, pescador que aderiu ao projeto e já plantou cerca de 400 mudas em sua propriedade, que sofria com a erosão nos barrancos que margeiam o rio Cuiabá.

Até o momento, 231.704 árvores são monitoradas em 130 propriedades, incluindo novas mudas e árvores das reservas de serviços ecossistêmicos, que são áreas de mata nativa já preservadas pelos ribeirinhos. Essa quantia equivale a 16 hectares de área verde, que protegem às margens do rio Cuiabá do avanço de erosões na comunidade de Barranco Alto.

Estou satisfeita em ver que o projeto está dando certo. Tem moradores que já fizeram trilhas de acesso ao rio e usam os tablados para evitar a pesca nos barrancos. São exemplos de conscientização ambiental proporcionada pelos trabalhos desenvolvidos aqui, destacou a promotora da Justiça Ana Luiza Peterline.

O presidente do Instituto Ação Verde, Carlos Avalone, ressaltou que o empenho dos ribeirinhos foi essencial para o resultado do projeto. Teremos uma Copa do Mundo que também será uma Copa do Mundo ambientalmente correta, observou.

REFERÊNCIA

Para Louis Bockel, representante da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), a ação desenvolvida aqui em Mato Grosso é um exemplo para o mundo e deve ser copiada por outros países. A FAO busca a agricultura sustentável e incorporar o carbono como um dos produtos da agricultura é muito importante, comentou Bockel.

É muito bom ver um projeto tão completo como este. É um exemplo de que o mercado de carbono funciona com o propósito certo, acrescentou Swapan Mehra, representante do governo da Índia, país que é um dos líderes do mercado global de créditos de carbono. Mehra e Bockel estão em Mato Grosso para participar do I Seminário Internacional de Economia Verde e aproveitaram a oportunidade para conhecer de perto a comunidade de Barranco Alto.

Além da infraestrutura necessária para Copa do Mundo, estamos preocupados também com o legado socioambiental que ficará para toda a sociedade mato-grossense, explicou Maurício Guimarães. O secretário adiantou também que a questão ambiental se estende a outros projetos ligados ao Mundial, como o Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), que será movido à energia elétrica.

Por ter como fonte uma energia limpa, uma empresa britânica já entrou em contato com a Secopa para verificar a possibilidade de comprar os créditos de carbono do VLT, disse.

O PROJETO

O programa Copa Verde irá compensar a neutralização de gases poluentes emitidos na construção da Arena Pantanal. Até 2014 a Secretaria Extraordinária da Copa do Mundo repassará cerca de R$ 3,5 milhões para o projeto, dos quais R$ 710 mil serão destinados em forma de pagamentos por serviços ambientais aos ribeirinhos dos municípios ao longo das margens dos rios Cuiabá, Paraguai e São Lourenço, que são formadores do Pantanal. Em parceria com o Instituto Ação Verde serão recuperados cerca de mil hectares de áreas de preservação permanentes (APPs) com o plantio de 1,4 milhão de árvores. Em média, cada árvore plantada sequestra 138 quilos de carbono durante o período de 30 anos.

Estima-se que a obra do novo Verdão emitirá 711 mil toneladas de carbono.

 


Fonte: RODRIGO AMORIM- ASSESSORIA/SECOPA